Cuba presta homenagem a Che Guevara nos 50 anos de sua morte
- Ibison Souza
- 9 de out. de 2017
- 3 min de leitura

Com honras de herói, Cuba rendeu tributo neste domingo (8) à figura e ao legado de Ernesto "Che" Guevara, guerrilheiro da Revolução Cubana, pelo 50° aniversário de sua morte em combate na Bolívia. O governo aproveitou para reafirmar sua mensagem de alerta contra os "planos colonizadores" dos Estados Unidos, em um momento em que aumentam as tensões entre os dois países por conta de supostos ataques sônicos a diplomatas americanos na ilha.
O presidente cubano e companheiro de luta em Sierra Maestra, Raúl Castro, acompanhado de altos cargos no país e vestido de uniforme militar, participou de um ato de homenagem ao guerrilheiro na cidade de Santa Clara, que há 20 anos abriga os restos do revolucionário argentino. Castro, que não pronunciou nenhum discurso, depositou uma rosa branca sobre o mausoléu de "Che".
O primeiro vice-presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, condeceu um discurso em que o descreveu como um "modelo de homem altruísta" e "excepcional revolucionário" e se referiu aos planos "colonizadores" dos Estados Unidos, que pretendem abrir passagem ao capitalismo e ao imperialismo, principal inimigo de "Che" em suas lutas.
Para Díaz-Canel, o legado de "Che" se transforma hoje em um "reforço moral" para enfrentar o futuro em "um mundo acumulado de contradições e incertezas" com constantes ameaças à paz e à segurança internacional por parte de "poderosos interesses de dominação e conquista".
"A história nos ensina que quando um projeto revolucionário, social diferente, mais justo e mais humano, entra em andamento, em seguida enfrenta enormes dificuldades, fortes pressões econômicas e diplomáticas, campanhas midiáticas de desprestígio e difamação, inclusive a ameaça de intervenção militar para castigar sua ousadia", disse. Neste novo contexto, Canel disse que o "exemplo do 'Che' se agiganta e se multiplica" no povo cubano, que defenderá para sempre a sua Revolução".
Ataques sônicos
As tensões entre Cuba e EUA aumentaram nas últimas semanas quando Wahington informou que seus diplomatas foram alvo de supostos ataques sônicos na ilha e retirou 60% de seus funcionários da embaixada em Havana. O governo americano também expulsou 15 diplomatas da embaixada de Cuba em Washington. O governo cubano garante que não é responsável pelo ataque, cuja origem ainda não foi esclarecida.
"Alguns porta-vozes e meios de comunicação se prestam a divulgar bobagens se evidência alguma, com o propósito perverso de desacreditar o desempenho impecável" de Cuba, disse Díaz-Canel e destacou que a ilha é um destino seguro para diplomatas e visitantes.
Após um processo acordado entre Castro e o ex-presidente americano Barack Obama, Cuba e EUA reataram as relações diplomáticas em 2015, quando foram reabertas a embaixada cubana em Washington e a americana em Havana e foram feitos vários acordos de cooperação. O atual presidente Donald Trump se mostra mais relutante quando à reaproximação.
Restos mortais
O mausoléu de Che Guevara, inaugurado em outubro de 1997 quando chegaram a Cuba os restos mortais do guerrilheiro, 30 anos após sua execução depois de ser capturado pela CIA na Bolívia, se transformou em local de peregrinação de militantes da esquerda de todo o mundo e foi visitado por 4,7 milhões de pessoas.
Santa Clara foi "libertada" pela coluna liderada por Ernesto Guevara durante a luta insurgente contra o regime de Fulgêncio Batista em dezembro de 1958. Essa batalha foi crucial para o triunfo definitivo, em janeiro de 1959, da Revolução liderada por Fidel Castro e à qual Ernesto Guevara serviu nos seus primeiros anos como diretor do Banco Central e Ministro de Indústria.
As homenagens a "Che" ocorreram em todo o país por causa do 50° aniversário de sua execução com festas culturais, exposições e matérias especiais na imprensa.
Comentários